Essa foi a conclusão dos empresários, brasileiros e alemães, que
participaram do painel de micro e pequenas empresas no 31º Encontro
Econômico Brasil-Alemanha nesta terça (14), em São Paulo (SP)
O
comércio exterior tem diferente importância para as micro e pequenas
empresas brasileiras e alemãs. Enquanto para os germânicos é um fim, uma
necessidade de sobrevivência, porque o mercado interno não é tão
grande, para os empresários brasileiros a exportação é mais uma etapa do
plano de negócios. Mudar essa percepção, por meio de incentivos e
programas públicos, é o grande desafio para a internacionalização das
empresas brasileiras.
"As micro e pequenas indústrias alemãs
sobrevivem das exportações porque o mercado interno alemão não tem o
mesmo tamanho que o brasileiro. Exportar para os países vizinhos, como a
Holanda, que fica a 50 quilômetros de algumas das principais cidades
alemãs, é natural e essencial", afirmou Reinhold Festge, presidente da
Latin America Initiative of German Business, durante o segundo e último
dia do evento, promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), a
congênere alemã BDI e a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
(Fiesp). De acordo com ele, essas empresas conseguem investir porque
têm apoio do governo alemão.
Gutemberg Uchoa, secretário para o
Desenvolvimento Econômico do Distrito Federal, concordou com Festge e
disse que mecanismos de apoio governamental são fundamentais do ponto de
vista financeiro. "Uma empresa iniciante precisa de capital para
investir, capital de giro, e dificilmente consegue captar no mercado
porque tem poucas garantias a oferecer. Se queremos que as micro e
pequenas empresas se perpetuem e passem a exportar, precisamos garantir
que tenham meios financeiros para isso", disse Uchoa.
INTERNACIONALIZAÇÃO - O
gerente do escritório da Agência Brasileira de Promoção das Exportações
(APEX-Brasil) na Europa, Alex Figueiredo, ressaltou que a agência tem
notado, nos últimos dez anos, uma mudança no perfil das empresas
brasileiras que buscam se internacionalizar. "Elas estão num estágio
mais avançado tecnologicamente e mais preparadas do ponto de vista da
gestão dos negócios", destacou. "Mas ainda é diferente apresentar uma
empresa brasileira na Alemanha, mostrar que temos tecnologia, que temos
qualidade, do que apresentar uma indústria alemã no Brasil, onde ela é
automaticamente associada à qualidade e à tecnologia", complementou.
Um
dos pontos destacados pelos especialistas foi a qualificação da mão de
obra. "Esse é um ponto-chave para as empresas desse porte. Sem recursos
humanos qualificados a sobrevivência delas se torna difícil e a
exportação mais difícil ainda", afirmou Volker Treier, vice-presidente
da AHK, a Câmara de Comércio Brasil-Alemanha.
Para Reinhold
Festge, nesse quesito um importante aliado da indústria brasileira é o
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI). "O SENAI tem todas
as condições de prover a mão de obra qualificada para a indústria, se
aproximando cada vez mais das empresas de menor porte e buscando suprir
as suas necessidades", disse.
Por Theo Saad, de São Paulo (SP)
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