indústria moveleira do Brasil
Fortalecimento da marca
Brazilian Furniture é
caminho para ganhar
espaço e explorar
o grande mercado
do país asiático
Clarisse de Freitas
No pujante mercado de luxo chinês, com mais de um milhão de milionários,móveis com
o estilo local são vendidos basicamente para estrangeiros que vão morar no país. “Rico
chinês não quer nada que lembre o estilo oriental. Pelo contrário, paga caro para ter design
e funcionalidade ocidental.” A observação foi feita pela consultora Bruna Santos, diretora
de Relações Internacionais da Radar China.A empresa de consultoria em relações
internacionais, comunicação e marketing (que tem sedes no Brasil e na China) pesquisou o
mercado de móveis de luxo e as oportunidades abertas à indústria brasileira a pedido da
Federação das Indústrias de Santa Catarina. Segundo o levantamento, se as empresas
nacionais conseguirem posicionar o design de móveis brasileiros de madeira como referência
de contemporaneidade no mercado chinês, o potencial consumidor é enorme.
“Essa fatia do mercado hoje é dominada por marcas italianas e alemãs. Elas atuam no
mercado chinês com diferentes estratégias. Algumas oferecem seus produtos dentro de lojas
de luxo multimarcas, outras apostam em lojas próprias nos endereços de referência em consumo
da elite chinesa, principalmente nas cidades de Xangai e Pequim, mas também em outros grandes
centros urbanos”, explicou Bruna.
Ela apontou que a única exportadora para a China que foge o mercado de luxo é a Ikea, que se
tornou “um parque de diversões para a classe média chinesa”. A consultora ponderou que,
enquanto uma mesa na Ikea custa US$ 50,00, as marcas de luxo italianas vendem peças similares
por US$ 16 mil. A sócia do Radar China conta que o consumidor de alta renda na China exige
não só o design ocidental, mas produtos manufaturados no ocidente. Ela lembra o caso da
italiana Móveis Da Vinci, que vendia peças de design italiano e fabricação chinesa, foi boicotada
quando a origem real dos móveis foi divulgada. Fabricar na China e vender como produto
italiano foi considerado um desrespeito pela opinião pública chinesa Entre as preferências
apontadas pela pesquisa, estão peças que usam carvalho e pau-rosa, madeiras que normalmente
a indústria brasileira não trabalha.
“Mas o fundamental é o design. O consumidor chinês paga para ter móveis assinados. E o Brasil
pode ter destaque com uma certa facilidade. Já há escritórios de arquitetura brasileiros na China,
que atuam lá em parceria com escritórios espanhóis. Também os nomes de alguns arquitetos
brasileiros são conhecidos. Oscar Niemeyer, mais que outros. Então o mercado será conquistado
com a consolidação de uma marca brasileira”, avaliou.
Para Bruna, o trabalho setorial da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos
(Apex Brasil) Brazilian Furniture tem muito espaço para explorar na China. Ela lembrou que entre
o ano 2000 e agora, o tamanho médio das unidades habitacionais individuais passou de nove
metros quadrados para 28 metros quadrados, e o país alcançou a marca de 51% da população
vivendo em área urbana.
Outro fator que anima a exportação brasileira de móveis é que o consumo anual per capita em
móveis lá é superior à média mundial. Enquanto no mundo a média fica em US$ 50,00 por pessoa
ao ano, na China são US$ 75,00. Só nesse ano, a consultora afirma que a demanda por móveis
já cresceu 8% naquele país.
“As empresas brasileiras ainda estão engatinhando nesse mercado, mas já estão percebendo
que ele existe. Em 2011, cinco empresas brasileiras (duas catarinenses, uma gaúcha, uma
paranaense e outra mineira) exportaram móveis para a China. O valor ainda foi pequeno,
US$ 36,2 mil dólares, quase nada comparado aos US$ 91 milhões da Itália e aos US$ 88,9 milhões
da Alemanha. Mas é um começo", indicou.
Publicado por: Jornal do Comércio - Porto Alegre RS Segunda-feira, 17 de setembro de 2012.
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