Brasil economizará R$ 1,4 bilhão por ano com a conclusão da BR-163
Em obra há 30 anos, a estrada que liga
Cuiabá a Santarém consolidaria uma rota estratégica para o escoamento da
produção do Centro-Oeste. O tempo da viagem das cargas para a Europa
poderia ser reduzido em até cinco dias
A BR-163 -
também conhecida como Rodovia Cuiabá-Santarém - é um caso simbólico da
gestão da infraestrutura de transportes no Brasil. Iniciada em 1973, a
estrada permanece em obras, privando as indústrias e os produtores
rurais do Centro-Oeste e do Norte de um importante corredor logístico
para o escoamento da produção. Segundo o estudo BR-163: Quebra de
Paradigma no Transporte do Comércio Exterior, da Confederação Nacional
da Indústria (CNI), o Brasil economizaria até R$ 1,4 bilhão por ano com o
transporte de cargas a partir da conclusão das obras. Isso melhoraria a
competitividade brasileira.
A
economia resultaria da redução de gastos logísticos ao mudar a via de
exportação para os portos do Norte brasileiro, uma rota mais curta e
mais barata. Para se ter uma ideia, a conclusão da estrada reduziria de
três a cinco dias a viagem de navio entre o Brasil e a Europa se
comparado à rota partindo de Santos (SP) ou Paranaguá (PR). Atualmente, a
viagem entre os portos das regiões Sul e Sudeste e a Europa demora
cerca de 15 dias. "A BR-163 abriria uma nova via para o comércio
internacional, aliviando sensivelmente a infraestrutura do sul do
Brasil", diz o presidente do Conselho de Infraestrutura da CNI José de
Freitas Mascarenhas. "É urgente que se complete essa rota porque quem
paga o preço é o único elo que gera riqueza, que é o produtor."
ALÍVIO -
Para a CNI, a conclusão da obra não só tornaria a indústria da região
mais competitiva, como ajudaria a desafogar os portos das regiões Sul e
Sudeste, onde hoje é embarcada a produção oriunda do eixo da BR-163.
Responsável por 52% da safra brasileira de soja (68,2 milhões de
toneladas), o norte de Mato Grosso é obrigado a exportar sua produção
pelos portos do Sul e do Sudeste, a rota mais longa. Com a BR-163 em
operação, estima-se que 45,5 milhões de toneladas de grãos poderiam ser
exportadas pelos portos do Norte, abrindo espaço para outras cargas e
desafogando os portos de Santos e Paranaguá.
Na direção inversa, a
rodovia também possibilitará que mercadorias produzidas na Zona Franca
de Manaus, como motos e eletroeletrônicos, sejam movimentadas para a
região Centro-Sul a partir de Santarém. De acordo com um estudo da
Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o tempo de viagem para
transporte de mercadorias até São Paulo, por exemplo, será reduzido em
dois dias em relação à rota utilizada atualmente. Hoje, a produção de
Manaus é transportada via barcaça até Belém e segue por 2.930
quilômetros por rodovia até a capital paulista.
POEIRA E LAMA -
Iniciada em 1973, a BR-163 tem apenas o seu trecho de Cuiabá à divisa
de Mato Grosso com o Pará, no município de Guarantã do Norte,
pavimentado - ainda que em condições precárias de conservação. Um
levantamento da Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso
(Aprosoja), concluído em novembro, constatou que apenas 49% do trecho
paraense está asfaltado. O restante são quilômetros de buracos e lama,
formando um percurso de atoleiros e transtornos para os motoristas que
se aventuram no trajeto. A expectativa do governo federal é de que a
obra seja concluída no fim de 2014.
Por Guilherme Queiroz
Do Portal da Indústria
SAIBA MAIS - O
presidente do Conselho Temático de Infraestrutura da Confederação
Nacional da Indústria, José de Freitas Mascarenhas, também defende a
ampliação dos portos do Norte para desafogar os terminais do Sul e do
Sudeste.
Leia entrevista completa concedida ao Portal da Indústria.
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